terça-feira, 15 de março de 2011

Série "Meu Jogo Eterno": Fim da "era do amarelão" - São Paulo massacra Atlético-PR e conquista o tri da Libertadores.

 Quarta-feira, 31 de agosto de 1994. O São Paulo entrava em campo no estádio do Morumbi para decidir a Copa Libertadores pela 3ª vez seguida (feito único até hoje dentre os clubes brasileiros). Havia ganhado as duas anteriores. E o enredo daquela noite era idêntico ao de dois anos antes. Em 1992, o Tricolor enfrentou um clube médio da Argentina, perdeu lá por 1x0 na ida e deu o troco, pelo mesmo placar, na volta, na Mansão superlotada, decidindo o título nos pênaltis, onde um goleiro definiu quem seria o campeão. Em 1994 também. A diferença foi que, em 1992, Zetti garantiu a vitória contra o Newell's Old Boys. Mas em 1994, Zetti não pegou nenhuma cobrança adversária, enquanto o paraguaio Chilavert defendeu o chute de Palhinha, dando a vitória ao Velez Sarsfield. A derrota mais doída da história são-paulina não marcou apenas a perda de uma Libertadores. Marcou também o fim de uma era. Depois daquela noite, o São Paulo ainda conquistaria, no mesmo ano, os títulos da Recopa Sul- Americana e da Copa Conmebol, mas a fantástica "Era Telê" realmente encontrou seu ponto final naquele fatídico dia 31 de agosto de 1994.
 Os 10 anos seguintes seriam de muito sofrimento para a torcida são-paulina. Na 2ª metade dos anos 90, o Tricolor só conquistou um único título, o Campeonato Paulista de 1998. No Campeonato Brasileiro, se acostumou a ser mero coadjuvante. Depois de 1994, só conseguiu voltar a se classificar para a 2ª fase em 1999. Em 1998, ano do título estadual, fez a sua pior campanha na história do Nacional, chegando ao ponto de, pela primeira e única vez, brigar contra o rebaixamento, do qual só se salvou matematicamente na última rodada.
Rogério Ceni: o símbolo do retorno do São Paulo
 A 1ª metade da década de 2000 já foi bem melhor. O São Paulo já não era mais coadjuvante, voltara a estar sempre entre os primeiros. Mas nunca era exatamente "o" primeiro - fato esse que o fez ficar conhecido como "amarelão", ou time de "pipoqueiros".
 Isso começou a mudar em 2004. Naquela temporada, o São Paulo voltava a disputar a Libertadores após 10 anos - exatamente desde o fatídico 1994. A equipe lutou muito, foi guerreira, como nas 8as de final, contra os argentinos do Rosario Central, e chegou até as semifinais, quando foi surpreendido pela zebra colombiana Once Caldas, que já havia eliminado o Santos na fase anterior e derrotou o Boca Juniors na final. Mas aquele foi o início de um novo capitulo vitorioso da gloriosa história tricolor.
 Eis que veio 2005 e o São Paulo começou o ano faturando o título paulista. Na Libertadores, passou fácil pela fase de grupos. Depois, eliminou o rival Palmeiras, nas 8as, vencendo as duas paridas, sendo 1x0 no Parque Antártica e 2x0 no Morumbi.
 Após passar pelos mexicanos do Tigres, nas quartas, veio o grande duelo: o River Plate. Depois de conquistar grande vitória por 2x0 no jogo de ida, no Morumbi, o São Paulo foi a Buenos Aires e encontrou um clima de guerra. Pedradas, arbitragem tendenciosa. Mas, mesmo assim, o Tricolor fez 3x2, conquistando sua 1ª vitória na Argentina pela Libertadores e voltando a final após 11 anos.
Lugano: a raça que fez a diferença
 A decisão foi a primeira da história entre dois clubes de um mesmo país. O adversário era o Atlético-PR, que de tão surpreendente, nem ele próprio imaginou que chegaria tão longe. Tanto é que se esqueceu de ler o regulamento da final e não adaptou o seu estádio para receber pelo menos 40 mil pessoas, como previam as regras da competição. E a partida de ida foi levada para o Beira Rio, terminando em 1x1.
 Eis que chegou o grande e inesquecível dia. 14 de julho de 2005, Curiosamente, uma quinta-feira. Após quase 11 anos do fatídico jogo contra o Velez, lá estava novamente o São Paulo, entrando em campo no Morumbi para decidir uma Libertadores. Mas aquela noite não teria drama. O São Paulo começou a todo vapor, com chegadas perigosas de Luizão e Cicinho. Estava claro que o gol era questão de tempo. E veio, aos 16 minutos. Luizão entrou rápido na área, tocou de calcanhar para Danilo, que finalizou. O goleiro Diego bateu roupa, e o camisa 10 passou para Amoroso, que tocou de cabeça para as redes: 1x0. O Tricolor ainda criou grandes chances, com Cicinho e Danilo, mas foi o Atlético quem teve a melhor oportunidade. No final do 1º tempo, o árbitro inventou pênalti de Alex em Aloísio (que viria para o Tricolor no mesmo ano). Mas o meia Fabrício cobrou na trave.
Após 11 anos, ela voltou para casa
 No 2ª tempo, era importante para o São Paulo marcar um gol logo no início, para controlar melhor a partida. E ele veio. Aos sete minutos, Cicinho cobrou escanteio, que Fabão desviou de cabeça: 2x0 São Paulo. A partir dali, o Atlético entrou em colapso e o São Paulo tratou de cadenciar a partida. Até que, aos 27 minutos, Jancarlos furou, Júnior pegou a bola, entrou pelo meio e tocou para Amoroso. O camisa 9 invadiu a área e tocou para Luizão marcar: 3x0. A partir dali, a equipe paranaense jogou a toalha, enquanto a torcida tricolor já começava a comemorar o título - com direito a menção honrosa ao mestre Telê. O clima já era de festa total no Morumbi, mas ainda havia mais. Aos 43, Mineiro tocou para Diego Tardelli, que entrou na área, driblou o zagueiro e tocou no canto do goleiro Diego, fechando com chave de ouro a inesquecível noite tricolor: 4x0 para o São Paulo. Agora, não éramos mais os amarelões, os pipoqueiros. Agora, éramos os tricampeões da Libertadores, algo que até hoje os outros clubes brasileiros perseguem, mas não conseguem.
 Aquele era o início de uma nova era, exorcizando a era "pipoqueira", e exorcizando o fatídico dia 31 de agosto de 1994.

São Paulo 4x0 Atlético-PR
14/07/2005 - Morumbi (São Paulo)
São Paulo: Rogério Ceni; Lugano, Fabão e Alex; Cicinho, Mineiro, Josué, Danilo e Júnior (Fábio Santos); Luizão (Souza) e Amoroso (Diego Tardelli).
T: Paulo Autuori
Atlético-PR: Diego; Danilo, Cocito e Durval; Jancarlos, André Rocha (Alan Bahia), Fabrício, Evandro e Marcão (Fernandinho); Lima (Rodrigo) e Aloísio.
T: Antônio Lopes

Fotos: arquivo  pessoal
Postado por Éder Moura

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