terça-feira, 10 de maio de 2011

Meu jogo eterno: Corinthians campeão Brasileiro de 1998

A série jogo eterno hoje é do Todo Poderoso Timão, vamos relembrar do Campeão Brasileiro de 1998, naquele ano o Corinthians ganhou seu segundo título nacional. Era um timaço que até não refletia a história do Corinthians que sempre foi marcado por times que valorizavam acima de tudo a garra e a raça, em detrimento da técnica. Mas aquele time montado por Luxemburgo aliava tudo o que o corintiano gosta, um time com muita raça sim, com Gamarra, Rincón, Marcelinho, Gilmar Fubá e muita técnica com Vampeta, Ricardinho e o Capetinha Edílson.
Foto do Corinthians campeão Brasileiro de 1998  (Foto: Google)
O Campeonato fora disputado com 24 times, que se enfrentavam em turno único na 1° fase, os oito melhores se classificavam, na sequência uma novidade até então, nas quartas, semi e finais ocorria o sistema de playoff, se uma equipe ganhasse os dois primeiros, estava classificada, do contrário era disputada uma terceira partida na casa do time de melhor campanha. Era um campeonato que  contava com boas equipes e era a chance de fazer o brasileiro voltar a sorrir com o futebol após a fatídica final da Copa do Mundo da França, e toda aquela suspeita de teoria da conspiração envolvendo a seleção canarinho.

Gamarra era o xerifão da zaga corintiana  (Foto: Google)
E o Corinthians começou a competição a todo vapor, dando espetáculo e mostrando que queria fazer a fiel sorrir após oito anos, com dez vitórias, dois empates  e uma derrota nas 13 primeiras rodadas, abriu larga vantagem na liderança. Depois veio uma fase de oscilação, com derrotas seguidas. No fim da 1° fase, Corinthians e Palmeiras brigaram até a última rodada para ver quem levaria vantagem para os playoffs. O Timão se deu melhor e garantiu a liderança. Aí veio os playoffs e o perigoso Grêmio pela frente, duas vitórias e uma derrota contra os gaúchos, a derrota foi no Pacaembu, (minha primeira vez no estádio, seria eu um pé frio?Não, definitivamente não), e lá estava o Timão nas semifinais. O adversário foi o Santos, de Viola, Zetti e Argel. Três jogos disputadíssimos e com muita rivalidade, com uma vitória para cada lado e um empate, com os placares agregados, Corinthians 4X3, a vaga para final garantida, a fiel torcia para o alvinegro levantar o caneco. O adversário era o perigoso e forte Cruzeiro, que já tinha tirado dois paulista das fases anteriores, Palmeiras e Portuguesa, era a hora do Timão vingar nosso estado e fazer a festa e a alegria do povo.

Edílson escolhido o melhor jogador do Brasileirão 98  (Foto:Google)
Com a melhor campanha, o Corinthians decidiria no Morumbi. No primeiro jogo no Mineirão, o estádio estava lotado, com mais de 70 mil pessoas, a fiel esteve presente e saiu comemorando o empate em 2X2, com gols de Muller e Valdo, o Cruzeiro fez dois a zero, mas na raça, Dinei e Marcelinho empataram para o alvinegro. Foi um jogaço com o Cruzeiro pressionando, o Timão se segurou e garantiu a igualdade. A mística de um jogador corintiano revelado no Terrão começava a aparecer naquelas finais, pois todos os gols das três partidas passariam por seus pés, ele seria o jogador das três partidas. O Corinthians foi prejudicado pela arbitragem que não marcou pênalti em Edílson quando o jogo estava 0x0, mas a galera corintiana sabia que no Morumbi, o título não escaparia.
 No segundo jogo outra decisão de arrepiar, novo erro da arbitragem que anulou um gol do valente Rincón. Ainda assim, Corinthians e Cruzeiro mostraram por que eram as duas melhores equipes da competição e novo empate, dessa vez em 1X1, gol de Marcelinho, após o talismã Dinei entrar e botar fogo na partida. O pé de anjo aproveitou bela jogada do gavião, camisa 18 e fez 1x0. Marcelo Ramos empatou para a Raposa. Tudo seria decidido no último jogo. Com o empate o Corinthians seria o campeão, mas aqueles dois times de alto nível jogariam pela vitória.  
Dinei, o Gavião decidiu (Foto: Google)

Após o segundo jogo da final, realizada no domingo dia 20 de dezembro de 1998, esse amigo que vos escreve foi para o Pacaembu, com mais dois amigos para garantir o ingresso da finalíssima, que seria realizada na quarta-feira às 4 da tarde no mesmo Morumbi. Munidos de uma bola de futebol começou a inesquecível experiência, eu posso falar que joguei no Pacaembu. Juntamente com outros torcedores que foram dormir na fila para garantir presença na final, colocamos os cavaletes da CET como traves e jogamos bola a noite inteira para espantar o sono. Após muita confusão e desorganização garantimos o ingresso e a presença na final.
Chegado o grande dia o Morumbi estava lindo, cheio, naquela época por medidas de segurança apenas 60 mil lugares eram colocados a disposição dos torcedores. Com o estádio lotado, as duas equipes completas foram para o tudo ou nada. A chuva deu o ar da graça, uma chuva que não era forte, apenas serviria para lavar a alma do corintiano.
O Jogo foi equilibrado e com muita técnica, os dois times tocavam muito bem a bola e se respeitavam muito. Por isso no primeiro tempo tivemos poucas chances de gol, o Corinthians apostava na velocidade de Mirandinha e Edílson e na qualidade de seu meio campo. O cruzeiro ameaçava com seu forte meio campo e com o sempre perigoso Muller. A primeira grande chance foi da Raposa, após cruzamento de Fábio Júnior, Muller não alcançou. Logo em seguida, Marcelinho arrisca da entrada da área e Dida defende.O Cruzeiro ainda ameaçaria com Djair da entrada da área, mas o meia mandou para fora. O 1° tempo acabou 0x0.

Dinei reverenciado por todos  (Foto: Google)
Para o 2° tempo, Luxemburgo que estava suspenso, mais uma vez por reclamação, comandou o Timão das tribunas e Osvaldo de Oliveira ficara no banco. Luxa decidiu começar a etapa complementar com o pé quente, o gavião Dinei, o escolhido para decidir o Brasileirão. O Corinthians começou melhor, com a entrada de Dinei e com a força da torcida. Aos 6, Marcelinho bateu  da grande  área e Dida defendeu. Logo depois, Dinei arriscou de fora da área e Dida mandou para escanteio. A fiel explodia e gritava sem parar. O Cruzeiro melhorou e voltou a equilibrar o jogo, ficando mais com a posse da bola, o Timão esperava um contra ataque para abrir o placar. Djair assustou em cobrança de falta, Nei mandou para fora. Silvinho perdeu após triangulação do ataque, o  jogo passou a ser lá e cá. Aos 20, Vampeta ao seu estilo arrancou pela direita e cruzou, a zaga cortou parcialmente e Edílson deu o peixinho para fora.
Levir Culpi foi para o tudo ou nada, tirando um volante e um meia, e colocando dois atacantes. O Cruzeiro ameaçava e ficava mais exposto na defesa. Em rápido contra-ataque, Dinei deixou Marcelinho cara a cara com Dida, mas Marcelinho se atrapalhou e Dida salvou. Aos 25, finalmente o gol, Ricardinho tabela com Marcelinho e toca para Dinei, Edílson entra em diagonal no meio da zaga, o capetinha ameaça a batida e corta Dida, e empurra a bola para as redes, João Carlos como um raio tentou cortar no carrinho, mas passou lotado, 1x0 Timão.
Marcelinho marcou em todos os jogos das finais (Foto:Google)
O Cruzeiro martelava mais a zaga mosqueteira repelia todas com o esforçado Índio, o raçudo Gamarra e o valente e guerreiro Batata. O jogo estava eletrizante, aberto, qualquer um poderia marcar. Mas São Jorge Guerreiro estava do nosso lado. Ricardinho pega a bola na linha do meio campo, pela lateral esquerda  lança para Dinei que vai para cima de Gustavo, passa pelo lateral e cruza para Marcelinho, ele que fez o 1° gol do campeonato, fez também o último, o terceiro gol do camisa 7, em três jogos, o pé de anjo foi o artilheiro do Timão no Brasileiro, 2x0 Corinthians e o título aquela altura era do Timão.
Dinei foi reverenciado por todos, se Marcelinho marcou nos três jogos, o Gavião deu a assistência para todos os gols do Corinthians nas finais, alem de ter deixado o seu no 1° jogo, ele merecia já que tivera afastado dos campos por doping um ano antes. Assim como a fênix, o Gavião ressurgiu das cinzas. Depois o Timão segurou os 2x0, o Cruzeiro tentou, mas sem sucesso, Gamarra ainda salvou uma bola em cima da linha. Era tudo tão dramático e sofrido naquele final de jogo, a Raposa caiu de pé e abrilhantou a conquista do Corinthians, deu tempo de gritarmos bicampeão, Fica Gamarra, foi maravilhoso. Ainda tive tempo de passar na Avenida Paulista e conhecer pela primeira vez a avenida mais importante da América Latina, tomada por um mar alvinegro, a cidade estava mais feliz do que nunca, era uma festa em preto e branco.
FICHA TÉCNICA - Corinthians 2 x 0 Cruzeiro - Final Brasileirão 1998

CORINTHIANS: Nei, Índio, Batata (Cris), Gamarra e Silvinho; Ricardinho (Amaral), Vampeta, Rincón e Marcelinho; Edílson e Mirandinha. Téc.: Vanderley Luxemburgo
CRUZEIRO: Dida, Gustavo (Alex Alves), Marcelo, João Carlos e Gilberto; Valdir (Marcelo Ramos), Ricardinho (Caio), Valdo e Djair; Muller e Fábio Júnior. Téc.: Levir Culpi


Local: Estádio do Morumbi - São Paulo (SP)
Data: 23/12/1998
Árbitro: Carlos Eugênio Simon (RS)
Público: 57.230
Renda: Não disponível
Gols: Edílson (25 - 2º) e Marcelinho (36 - 2º)
Abaixo vídeos dos três jogos das finais do Brasileirão 1998.

postado por Felipe Fernandes

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