O ano de 2005 foi mesmo especial para o torcedor são-paulino. Após uma década de angústias, a nação em três cores pôde finalmente soltar o grito da garganta e comemorar títulos dignos da grandeza do São Paulo Futebol Clube. E a caminhada para os tricampeonatos da Libertadores e do Mundial guardou jogos marcantes. Um deles foi na semifinal da competição sul-americana, contra o River Plate, no Morumbi, pela rodada de ida.
Amoroso teve estreia de gala com a camisa tricolor. (Divulgação) |
Naquela competição, o São Paulo passou fácil pela fase de grupos, ficando em 1º lugar na sua chave, à frente de Universidad de Chile, The Strongest e Quilmes. Depois de eliminar o rival Palmeiras com duas vitórias nas oitavas de final, o Tricolor enfrentou os mexicanos do Tigres, no confronto entre as duas únicas equipes que chegaram invictas às quartas de final. Um tirou a invencibilidade do outro. No jogo de ida, no Morumbi, o Tricolor praticamente garantiu sua vaga nas semifinais, com uma bela goleada por 4x0, com direito a dois gols de falta de Rogério Ceni, que ainda jogou um pênalti para fora, perdendo a chance de se tornar o primeiro goleiro a marcar três gols num único jogo. Na partida de vota, em Monterrey, o São Paulo sofreu sua única derrota na campanha do tricampeonato, 2x1, mas nada que ameaçasse seu lugar entre os quatro melhores do continente.
Nas semifinais, era a hora do teste de fogo. O adversário seria ninguém menos que o River Plate, que, se não bastasse a enorme tradição, ainda era o time de melhor campanha no torneio, e contava com nomes como Marcelo Salas, Mascherano, Lucho Gonzalez e Gallardo. O confronto era apontado por muitos como a final antecipada, já que o vencedor jogaria a decisão contra o ganhador do confronto entre as zebras Atlético-PR e Chivas Guadalajara. Além disso tudo, havia ainda o fato de o São Paulo nunca ter vencido um mata-mata contra os "Millionarios", pesando principalmente as derrotas na final da Supercopa de 1997 e nas semifinais da Copa Sul-Americana de 2003. Nenhum desses confrontos, porém, mais importante que os de 2005.
Júnior e Ceni comemoram o gol da vitória. (UOL Esportes) |
Para aquela partida, disputada na quarta-feira de 22 de junho, o Tricolor, comandado pelo técnico Paulo Autuori, não pôde contar com um dos seus grandes destaques, o lateral Cicinho, que estava servindo à Seleção Brasileira na Copa das Confederações, disputada na Alemanha. Além deles, Edcarlos, Fábio Santos e Diego Tardelli estavam no Mundial Sub-20, na Holanda, embora apenas o zagueiro fosse titular àquela altura. Para o lugar de Edcarlos, Alex foi a solução natural. Mas para a vaga de Cicinho, não havia substituto. A ideia acabou sendo improvisar Mineiro por ali. E ainda um trunfo na manga: Amoroso, que havia chegado no sábado e faria sua estreia com a camisa tricolor.
Antes do jogo, o clima foi tenso. O ônibus da delegação argentina foi recebido por chuva de pedras (que seriam descontadas uma semana depois, em Buenos Aires). Mesmo já dentro do estádio, houve enorme confusão no setor onde encontrava-se a torcida do River Plate.
Dentro de campo, o que se viu foi um jogo muito disputado. O River marcava bastante, enquanto o São Paulo encontrava muitas dificuldades para criar jogadas. Somente aos 35 minutos foi que veio o primeiro grande lance. Mineiro roubou de Gallardo e a bola sobrou para Amoroso, que desceu em velocidade desde o meio de campo, driblando quase meio time argentino. Porém, o camisa nove chutou em cima do goleiro Costanzo.
Para o 2º tempo, Autuori resolveu mexer, colocando o meia Souza no lugar do volante Renan. A ideia era mandar Mineiro, que foi mal na lateral, de volta para o meio, improvisando Souza pelo lado direito do campo. Foi ali que o São Paulo começou a ganhar o jogo.
Como de hábito, o Gigante virou um caldeirão. (Tricolormania.com.br) |
O gol incendiou de vez a equipe paulista, e deixou os portenhos atordoados. Tanto é que, três minutos depois, Júnior cobrou falta da intermediária, que Amoroso desviou de cabeça. O goleiro Costanzo tocou com as pontas dos dedos e a bola foi parar no travessão. Aos 42, em tentativa de contra-ataque, Luizão invadiu a área e tentou jogar para Amoroso, que estava na entrada da pequena área. Porém, Lucho Gonzalez desviou com a mão, e a arbitragem marcou pênalti. O fato curioso foi que o pênalti foi assinalado pelo auxiliar, e não pelo árbitro Gustavo Mendez, mesmo o uruguaio tendo grande visão do lance, o que serviu para os são-paulinos contestarem ainda mais sua péssima atuação na partida. Pênalti marcado, Rogério Ceni foi para bola e bateu com categoria, fazendo seu 5º gol naquela Libertadores e sacramentando a vitória: 2x0 Tricolor.
Com o resultado, o São Paulo ficou muito próximo da final. Se marcasse um gol na partida de volta, no Monumental de Nuñez, o River Plate teria de fazer quatro. E esse gol saiu logo no ínício, marcado por Danilo. Mas esse já é um outro jogo eterno...
Ficha técnica:
São Paulo 2x0 River Plate
Torneio: Copa Libertadores 2005
Estádio: Morumbi (São Paulo)
Público: 61 078
Gols: Danilo, aos 31' e Rogério Ceni, aos 43'/2ºT.
Cartão amarelo: Luizão, Lugano e Fabão (SP); Zapata e Costanzo (RP)
São Paulo: Rogério Ceni; Lugano, Fabão e Alex; Mineiro, Renan (Souza), Josué, Danilo e Júnior; Luizão e Amoroso (Alê).
T: Paulo Autuori
River Plate: Costanzo; Diogo, Amelli, Tuzzio e Dominguez; Lucho Gonzalez (Almada), Mascherano, Zapata (Mareque) e Gallardo; Salas (Gaston Fernandez) e Farias.
T: Leonardo Astrada
Postado por Éder Moura
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