sexta-feira, 24 de junho de 2011

Meu jogo eterno: São Paulo aplica goleada histórica nas estrelas do Corinthians

  O ano de 2005 foi muito especial para o torcedor são-paulino. Após ser campeão paulista, o Tricolor conquistou o tão sonhado título da Libertadores, pondo fim a um longo período sem títulos de primeira grandeza, e faturou também o tricampeonato mundial, no Japão. O Campeonato Brasileiro foi deixado de lado. O São Paulo jogou grande parte do torneio com o time reserva , até mesmo em clássicos, para priorizar a Libertadores e, posteriormente o Mundial, tendo em vista que jogou todo o 2º turno já sem grandes chances de brigar pelo título. Tudo graças ao péssimo 1º turno, no qual o Tricolor terminou na zona de rebaixamento. Ao final da competição, o São Paulo ficou em 11º lugar, sua pior posição na era pontos corridos. Era o preço pelas reconquistas da América e do mundo. Mesmo assim, o Brasileiro ainda reservou uma partida inesquecível para todos aqueles que carregam as três cores no coração.

Jogadores comemoram o 1º gol: era só o início de uma tarde histórica
(Portal Terra)
  Era dia 8 de maio, dia das mães. Corinthians e São Paulo se encontravam no Estádio Municipal do Pacaembu, ainda pela 3ª rodada. As duas equipes ainda não haviam vencido na competição, e os corinthianos vinham de uma eliminação na Copa do Brasil, três dias antes, contra o Figueirense, nos pênaltis.
  A diferença entre ambas as equipes era considerada enorme. Enquanto o Corinthians se destacava por suas estrelas Tevez, Roger e Carlos Alberto (Mascherano chegaria mais tarde), todos contratados pela MSI, grupo russo acusado de atuações ilícitas dentro do clube, como lavagem de dinheiro e envolvimento com a própria máfia de seu país, o São Paulo era mais humilde. Suas contratações no começo daquele ano se resumiram aos volantes Mineiro e Josué, além do centroavante Luizão, já em final de carreira. Tudo isso sem contar a tentativa frustrada de tornar o astro do futsal Falcão em estrela nos gramados. A diferença era tão grande que houve gente na TV que dissesse: “vou parar de falar no Tevez para falar no Josué?”, quando o presidente são-paulino Marcelo Portugal Gouvêa veio a público reclamar da diferença de tratamento de ambas as equipes por parte da imprensa.
  Mas, naquele dia, todos teriam de engolir suas palavras. Embora não tivesse vencido nas primeiras duas rodadas, o clima no São Paulo era bom, pela conquista do Campeonato Paulista e a boa campanha na Libertadores. Sem contar que havia ali um tabu de seis jogos sem perder para a equipe do Parque São Jorge.
  No Pacaembu, a divisão das torcidas não foi meio-a-meio, como sempre ocorria no Morumbi (e que geraria polêmica anos depois, quando o São Paulo decidiu acabar com essa prática). A torcida são-paulina se concentrou no tobogã, enquanto o restante do estádio ficou para os corinthianos.
Luizão marcou dois contra seu ex-clube
(UOL Esportes)
  Os técnicos também eram um caso à parte. Pelo Corinthians, o argentino Daniel Passarella estava pressionadíssimo, enquanto Paulo Autuori fazia sua estreia pelo São Paulo, substituindo Emerson Leão, que foi para o Japão. O Corinthians vinha completo, com todos os seu “galácticos”, como eram chamados. Já o São Paulo, não teria o zagueiro Diego Lugano, punido pelo STJD.
  A bola rolou e jogo começou quente. Logo com um minuto e meio, Grafite invadiu a área, foi segurado por Marquinhos e o árbitro marcou pênalti. Depois de muita reclamação por parte dos corinthianos, Rogério Ceni foi para a bola e abriu o placar: 1x0 São Paulo.
  Mesmo atordoado, o Corinthians tentou se reerguer. Aos nove minutos, Roger cobrou uma falta na trave. Quatro minutos depois, veio o troco tricolor. Foi a vez de Rogério Ceni cobrar falta com perfeição. O goleiro Tiago fez grande defesa, mas, no rebote, Luizão meteu a cabeça e marcou: 2x0 São Paulo. Outros quatro minutos se passaram e, aos 16, Júnior cobrou escanteio, Tiago deu um soco na bola, que acabou fora da área. Danilo bateu dali mesmo, e, contando com um belo desvio em Carlos Alberto, transformou o placar em goleada: 3x0 São Paulo, com apenas 17 minutos do 1º tempo. Depois disso, o que se viu foi um Corinthians totalmente atordoado. A pressão de sua torcida era enorme. A impressão era que, se forçasse, o São Paulo construiria uma goleada histórica ainda no 1º tempo. Apesar disso, o Tricolor deu um cessar fogo, e o intervalo chegou nos 3x0.
  Porém, no 2º tempo, o São Paulo nem deixou o Corinthians respirar. Logo aos dois minutos, Júnior arrancou do meio de campo, e, com evidente marcação frouxa dos adversários, invadiu a área e passou para Luizão, que só rolou para as redes e marcou seu segundo gol na tarde do Pacaembu: 4x0 Tricolor.
Torcedores não acreditavam no que viam
(Arquivo pessoal)
  Se antes desse gol os torcedores corinthianos já estavam atordoados, depois, então, fez-se uma selvageria total, com gente invadindo o campo e tudo mais. O clima era tão tenso que o volante Josué confessou, dias depois, que conversou para que o São Paulo “tirasse o pé”, em nome da segurança de todos ali. Mas parece que a informação não chegou a Cicinho. Aos 28, o camisa 2 acertou um chute lindo da intermediária, marcando um golaço: 5x0 São Paulo. Aquele gol seria uma prévia de outro que ele faria, ainda mais bonito, dez dias depois, contra o Palmeiras, no Parque Antártica, pela Libertadores.
  No finzinho, Roger caiu na área. Não houve nada no lance, mas o árbitro Wilson Seneme, de forma inteligente, marcou pênalti. Afinal, se não marcasse, poderia ser mais uma faísca naquel barril de pólvora. Ironicamente, a torcida são-paulina presente atrás daquele gol pediu a cobrança de Roger, lembrando que o meia isolou sua cobrança na partida contra o Figueirense. Mas Carlos Alberto foi quem bateu. Muito mal, por sinal, e telegrafando. Mesmo assim, Rogério Ceni foi para o outro canto e o Corinthians diminuiu um pouco seu vexame. Certamente, um gol que nenhum alvinegro comemorou, de fato. Já os são-paulinos, se deliciavam, aos gritos de "fica, Passarella". Mas Passarella não ficou, sendo demitido no dia seguinte e integrando a extensa lista de técnicos do Corinthians demitidos após derrotas para o São Paulo.
  Ao final, os 5x1entraram definitivamente para a história. Se pegarmos apenas desde a refundação definitiva do São Paulo, em 1935, essa foi a maior vitória tricolor no Majestoso. Mas se considerarmos desde a primeira fundação são-paulina, em 1930, ainda foi superada pelos 6x1 de 1933, com show do grande Arthur Friedenreich, o primeiro grande craque do futebol brasileiro.
  Aquela partida não significou o que seria aquele Brasileiro para os corinthianos, que ainda seriam os campeões, mesmo que de forma polêmica. Já para o São Paulo, aquela partida foi só mais uma grande página daquele inesquecível ano de 2005. Um ano que durará para sempre.

Ficha técnica:
Corinthians 1x5 São Paulo
Estádio: Pacaembu (São Paulo)
Gols: Rogério Ceni (SP), aos 3', Luizão (SP), aos 12' e Danilo (SP), aos 17'/1ºT. Luizão (SP), aos 2', Cicinho (SP), aos 28' e Carlos Alberto (COR), aos 44'/2ºT.

Corinthians: Tiago, Marquinhos, Betão (Bruno Octávio) e Anderson; Edson, Marcelo Mattos, Roger, Carlos Alberto e Gustavo Nery; Gil (Jô) e Tevez.
T: Daniel Passarella.

São Paulo: Rogério Ceni, Fabão, Alex e Edcarlos; Cicinho, Mineiro, Josué, Danilo e Júnior (Fábio Santos); Grafite (Souza) e Luizão (Diego Tardelli).
T: Paulo Autuori

Postado por Éder Moura



2 comentários:

  1. Bom esse jogo é realmente histórico, e o placar foi atípico, mas Éder aquele time estava em formação e abalado psicologicamente, logo enfraquecido, tinha boas peças, mas ainda não era uma equipe, vindo de uma eliminação no mínimo estranha, com pênaltis que até hoje trazem questionamentos e dúvidas no torcedor corinthiano, o São Paulo já era um timaço, bem montado e base do tricampeão brasileiro, o treinador Passarella estava sendo fritado pelos jogadores e vinha sendo pressionado, logo para aquele jogo, vocês eram favoritos, por isso a derrota do Timão se desenhava, quanto a divisão no Pacaembu, sempre foi daquela forma, com o visitante com o Tobogã, o que sempre ocorreu e era de forma justa, logo não tem por que reclamar desta divisão.Quanto aos 6x1, você tem que se decidir se torce para o Paulistano, se torce para o São Paulo da Floresta, se torce para o SPFC, meu caro Éder, não venha me falar que um foi junção do outro e coisa e tal, por favor fale de seu time atual, no mais aquela partida tem de ser comemorada pelos Tricolores mesmo, igual aos nossos 5x0 em 96, você se lembra? lembra do Animal? É isso aí,VAI CORINTHIANS !!!!

    ResponderExcluir
  2. O São Paulo "da Floresta" e o São Paulo atual são o mesmo clube, qualquer um que conheça a história tricolor sabe. Tanto é que a taça de campeão paulista de 1931 está no Morumbi. Se o fato de um clube ser refundado significa que ele é distinto do primeiro, então vamos parar de lembrar Careca e Maradona cada vez que passar um jogo do Napoli na TV. Afinal, aquele Napoli fechou as portas em 2004. O mesmo acontece com a Fiorentina, falida e refundada em 2002. Por que só com o São Paulo a visão é diferente?

    Sobre a divisão do estádio, o que critico é o fato de nunca haver divisão de 50% no Pacaembu, mas o Corinthians exigir que o São Paulo o fizesse no Morumbi, como se tivesse o direito de exigir algo na casa alheia.

    ResponderExcluir