quinta-feira, 2 de junho de 2011

Meu jogo eterno: Ceni faz história e São Paulo é campeão paulista 2000

  O Campeonato Paulista vem se tornando um grande celeiro de regulamentos esdrúxulos.  Mas o ano 2000, talvez, tenha sido insuperável.  Na 1ª fase, doze clubes eram divididos em dois grupos de seis equipes cada. Jogavam todos contra todos, dentro de suas respectivas chaves. Quantos se classificavam? Todo mundo, ou quase. Tanto é que os grupos da 2ª fase já estavam até definidos, já incluindo os quatro grandes (totalizando 16 participantes), que não jogaram a 1ª fase, em virtude do Torneio Rio-São Paulo. Para não dizer que a 1ª fase era inútil, a FPF resolveu que, a pior das  12 equipes seria rebaixada para a Série A2, mas jogaria a segundona já em 2000. Ou seja, um time poderia ser rebaixado em 2000 mas jogar a Série A1 em 2001, e sem virada de mesa. Como o lugar do rebaixado na 2ª fase já estava garantido, o mesmo seria substituído pelo melhor time da 1ª fase da Série A2. No caso, o América caiu, sendo substituído pelo Botafogo. Pensa que acabou? Na 2ª fase, os 16 clubes foram divididos em quatro grupos com quatro times cada, sendo que, antes de se enfrentarem em turno e returno, dentro do próprio grupo, os times do grupo A enfrentavam em turno único os do grupo B. O mesmo ocorria entre os participantes dos grupos C e D. Essa foi a forma encontrada para forçar clássicos nessa fase, já que cada um dos grandes era cabeça-de-chave.
Raí sai de cena com mais um título (UOL Esportes)
  Depois de toda essa fórmula física, complexa até para Einstein, e que nem Freud explica, havia uma 3ª fase, com os dois melhores times de cada grupo. Novamente, havia uma divisão por chaves, sendo dois grupos com quatro equipes cada. Só depois disso tudo é que vinham os mata-matas, com semifinais e final. Como se vê, mesmo numa época em que os estaduais ocupavam todo um semestre, a FPF conseguia se atrapalhar toda. E, já que desgraça pouca é bobagem, permaneceu a, digamos, inusitada proposta de ter-se dois árbitros nas partidas, cada um correndo só até o meio de campo, iniciativa adotada em 1999.
  Após gastar dois longos parágrafos tentando explicar esse Frankstein, apelidado de regulamento, vamos ao São Paulo. Na 2ª fase, o Tricolor foi o time de melhor campanha, com oito vitórias, um empate e uma derrota, num total de dez jogos.
  Na 3ª fase, o São Paulo enfrentou Portuguesa, Santos e Guarani. Com muito sufoco, conseguiu o 2º lugar e a classificação para as semifinais. Nas semi, venceu os dois jogos contra o Corinthians (2x1 e 2x0) e se classificou para a final.
  O adversário da decisão, como já foi mostrado na edição anterior desta seção, foi o Santos. Por opção do próprio clube da Baixada, as duas partidas foram realizadas no Morumbi. Vantagem a mais para o São Paulo, que já jogava pelos dois empates, por ter feito melhor campanha ao longo do torneio.
 
Rogério Ceni faz história na decisão (UOL Esportes)
  Se a vantagem já era grande, ficou maior ainda, com a vitória por 1x0 no jogo da ida, com gol de França, aos 44 segundos de jogo. Na partida de volta, o Tricolor poderia até perder por um gol de diferença que, ainda assim, seria campeão.
 Mas nem tudo era festa. Na partida de volta, o Tricolor não contaria exatamente com França, artilheiro do Paulistão, com 18 gols. O técnico Levir Culpi decidiu, então, apostar no veterano Evair.
Rogério Ceni comemora o título: era só o começo (R7.com)
  O jogo foi bastante movimentado. Precisando vencer por dois gols de diferença, o Santos foi todo para cima, mas demorou para achar  seu primeiro gol. Aos 29 minutos, Rincón cobrou falta, Baiano recebeu, entrando na área pelo lado direito e jogou na cabeça de Dodô, que mandou para o fundo das redes de seu ex-clube, ajudado por um desvio em Edmílson: 1x0 Santos. Mas a vantagem santista não durou muito. Menos de dez minutos depois, aos 38, Edu foi derrubado perto da área. Era o momento de Rogério Ceni começar a fazer história. O Mito cobrou a falta com perfeição, empatando o jogo e se tornando o primeiro goleiro a marcar um gol numa final de campeonato no Brasil. Era só a primeira de muitas marcas históricas alcançadas por esse que é, sem dúvidas, um dos maiores jogadores da história do futebol brasileiro. A partir dali, muitos mudaram sua visão sobre as cobranças de falta de Rogério Ceni. Antes, diziam que só fazia isso para aparecer. Depois desse gol, até os mais recalcados tiveram de se curvar ao talento daquele que, mais tarde, se tornaria o maior goleiro-artilheiro do mundo, com mais de cem gols.
  No 2º tempo, tendo de ir para o tudo ou nada, o Santos teve nova oportunidade de voltar à briga. Logo aos oito minutos, Rincón tabelou com Robert, entrou na área, enfileirando a defesa são-paulina e foi derrubado. Pênalti, que o próprio colombiano cobrou e marcou: 2x1 Santos. Aos 23 minutos, o São Paulo teve falta de longa distância. Em uma posição em que, normalmente, os batedores preferem jogar na área, Marcelinho Paraíba tomou distância e soltou a bomba, marcando um golaço, sem chances para Carlos Germano, que, em vão, ainda tocou na bola. Era o gol do título.
  Os 2x2 representaram muito para o São Paulo. Representaram uma mudança de gerações. Era o título que coroava Rogério Ceni e abria espaço para o Mito se tornar o maior jogador da história do clube. Era também o último título do Mestre Raí, que teve grande participação naquela conquista. E, porque não, foi o primeiro título deste que vos fala, como amante dessas sagradas três cores. O primeiro de muitos, diga-se.

O Bandeirantes pertence ao Morumbi!
(Tricolormania.com.br)


Ficha técnica:
São Paulo 2x2 Santos
Data: 18/06/2000
Estádio: Morumbi (São Paulo)
Público: indisponível
Gols: Dodô (SFC), aos 29' e Rogério Ceni (SP), aos 38'/1ºT; Rincón (SFC), aos 9' e Marcelinho Paraíba (SP), aos 23'/2ºT.


São Paulo: Rogério Ceni, Belletti, Edmílson, Rogério Pinheiro e Fábio Aurélio; Maldonado, Vagner, Marcelinho Paraíba e Raí (Fabiano, aos 41'/2ºT); Edu (Carlos Miguel, aos 16'/2ºT) e Evair (Sandro Hiroshi, aos 16'/2ºT).
T: Levir Culpi

Santos: Carlos Germano, Baiano, André Luís, Claudiomiro e Rubens Cardoso (Aílton, aos 22'/2ºT); Anderson Luís, Rincón, Robert e Valdo (Deivid, aos 19'/2ºT); Caio (Márcio Santos, aso 32'/2ºT) e Dodô.
T: Giba

Postado por Éder Moura


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